O
gaslighting, traduzido para o português, significa uma forma de abuso
psicológico onde as informações são distorcidas e seletivamente omitidas,
alteradas ou até mesmo inventadas, visando sempre o favorecimento do abusador.
Desta forma, a vítima passa a duvidar de sua própria memória e sanidade.
Resumindo: é quando alguém te chama de louca ou louco sem nenhum motivo para
isso.
Tal
abuso é bastante comum em relações amorosas, onde homens héteros cisgêneros
enquanto ficantes, namorados e maridos manipulam a situação para que sempre
tenham razão e a mulher seja a louca, desequilibrada e que vê coisas que sequer
existem. Entretanto, o gaslighting, como outros abusos, pode acontecer em
diversos tipos de relações, entre elas a de pai e filha. Assim, não é apenas o
seu parceiro romântico que pode lhe acusar de louca, mas até mesmo o seu pai. A
diferença é que a figura paterna pode fazer com que o abuso passe despercebido,
por ser tratado como “coisas que os pais fazem”. E assim, o gaslighting passa a
ser naturalizado e nunca questionado.
Na
maioria das vezes, o pai abusador, quando casado, costuma também agredir a
esposa. A chama de louca, exagerada e desequilibrada. Às vezes inventa
histórias, inverte situações e chega realmente a confundir a companheira. A
filha, também mulher, não passa imune aos abusos. Caso questione qualquer ação
do pai, é considerada exagerada. Provando assim, que o gaslighting não é
exclusividade de relacionamentos românticos. Mas pode estar presente em
relações parentais e ser tão cruel quanto num namoro ou casamento.
Entretanto,
por se tratar de um pai, questionar o abuso psicológico se torna algo
praticamente inviável, já que vivemos numa sociedade machista, onde uma mulher
que questiona não é levada a sério. E, na maioria das vezes, seu questionamento
é menosprezado por conta do seu gênero. Embora questionar um abuso psicológico
dentro do ambiente familiar seja algo praticamente impossível, não absorvê-lo é
um caminho para que não haja sequelas no futuro. Basta lembrar-se de que você
não é louca por estar chateada, apaixonada ou com vontade chorar. Pois, todos
nós somos seres humanos, logo possuímos sentimentos e nossas emoções nem sempre
podem ser controladas.
Caso
você passe por este tipo de abuso e não tenha como buscar ajudar psicológica,
procure um grupo de apóio feminista pelo Facebook e transforme a sua indignação
em luta e milite, nem que seja virtualmente, e ajude a mudarmos o nosso futuro
e de outras garotas. Porque nós, mulheres, apesar de sermos ensinadas de que os
sentimentos, quando demonstrados, são coisas “de mulherzinha”, hoje aprendemos
que, na verdade, são coisas normais de todo e qualquer ser humano.
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