Foto: Talita Barbosa |
Uma pausa na conclusão do
TCC para poder registrar em palavras a minha experiência ao entrar num terreiro
de candomblé pela primeira vez em 22 anos de vida. Até tenho um avô pai de
santo, mas, talvez, por não ser próxima dele que o meu contato com a religião
não tenha se estreitado antes.
No ensino médio estudei
muito sobre os orixás, lembro-me de ter feito um trabalho sobre algum deles e
me deliciado com as histórias e os significados das coisas. Tenho uma queda por Iansã
desde que a conheci e não sei explicar. Identifico-me e muito com a história,
características e cores relacionadas ao orixá. Apesar de não ter um gênero
definido, gosto de acreditar que Iansã seja uma mulher negra guerreira.
Pois bem, o estágio na
Secretaria de Cultura sempre me proporciona coisas boas. Aprendi muito em pouco
menos de um ano. Aprofundei meus conhecimentos em jornalismo e aprendi muito no
que diz respeito à cultura da minha cidade e estado, também amadureci muito.
No início do ano, pude participar do seminário da Renafro sobre religiões afro-brasileiras
e saúde no que tange o direito da população de terreiro e o respeito a sua
ancestralidade.
Mas, ontem, 17 de outubro
de 2015, pude entrar num terreiro e perceber que tudo o que eu ouvi durante
toda a minha vida não passa de uma caricatura mal feita e racista das religiões
de matriz africana. Ouvi tambores tocar e o povo dançar alegremente ao poderem
cultuar seus orixás sem serem importunados por cristãos fundamentalistas, que
acreditam piamente que apenas a sua religião levará a salvação. E que, erroneamente dizem que Exu é o diabo e chamam os candomblecistas de macumbeiros de forma pejorativa.
Ao contrário do que eu
costumava ouvir de alguns pastores oportunistas, o terreiro foi um lugar que
emanou paz e sabedoria. O respeito à tradição que é passada oralmente, através
dos séculos, num sistema hierárquico respeitado por todos os adeptos, é algo
que deveria ser adotado por todos. A importância que é dada aos mães e pais de santos, o respeito a sabedoria ancestral, o respeito à natureza e tudo que dela é derivado.
Por fim, fiquei encantada
com as cores, com os tambores, com os cânticos e com a alegria. Observei
atentamente cada detalhe e não consegui enxergar a maldade que tanto falam por
aí. Só consegui enxergar amor, respeito e muita sabedoria.
Axé pra quem é de axé
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