quinta-feira, 11 de junho de 2015

E a culpa ainda, infelizmente, é da vítima

Geysi Arruda com o vestido que usou para ir à aula na faculdade

A aula de ontem (10) poderia ser apenas mais uma, mas não foi. Pois, uma professora convidada foi nos ensinar alguns mecanismos úteis para a interpretação de textos em provas do Enade, ENEM e de concursos. E, logo em seguida, nos explicou sobre ética, moral e cidadania.

Seria apenas mais uma aula, se os discursos machistas que eu e algumas colegas fomos obrigadas a ouvir passassem despercebidos. Mas não passaram. O primeiro que logo me chamou atenção foi quando ela disse que, mulheres que não têm um grau de cultura elevado são as que cometem aborto no Brasil. Como assim? Ricas também abortam, no entanto, a diferença é que elas podem pagar por abortos seguros e não entram para a estatística de mulheres mortas em decorrência de abortos clandestinos.

Mas não parou por aí, logo depois ela deu um exemplo do que é ética. Segundo ela, é ético não irmos com roupas “que chamem muita atenção” para a faculdade, pois poderemos atrapalhar a aula tirando a atenção dos homens e ainda deu o seguinte exemplo: uma aluna chega à aula do curso de enfermagem, linda e maravilhosa, os seus colegas homens-cis-héteros-machistas começam a assediá-la e a professora (a mesma da minha aula) pede para a aluna se retirar da sala e ir trocar de roupa. Para, enfim, dar continuidade ao assunto, pois os seus alunos não estavam se concentrando.

Como se não fosse ainda o suficiente, ela nos disse que informou à aluna que ela não era Geysi Arruda para chamar a atenção da sala e atrapalhar a aula. Logo, ela ainda deixou implícito que acredita que a Geysi e todas as mulheres que são assediadas são culpadas, pois poderiam evitar tudo isso caso se vestissem adequadamente e não despertassem o "instinto masculino" que é praticamente incontrolável, porque homens são assim. ~ironia~

Senti-me impotente, pois eu não tinha como interromper a aula e dizer à professora que tudo aquilo não passava de discursos machistas, que os homens utilizam para nos manipularem e nos reprimirem. Senti-me impotente, pois não pude dizer à ela que somos livres e que os homens devem nos respeitar. 

3 comentários:

  1. Professora altamente machista, as coisas que ela nos disse parecia mais com discurso de ódio do que meros exemplos sobre o que é ética e moral. Fiquei pasma com a falta de respeito pela classe a qual ela pertence.

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  2. É triste ver mulheres reproduzindo discursos machistas por aí. E o pior, uma professora, que é um ser formador de opinião, disseminando esse tipo de pensamento.

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  3. GENTE DO CÉU!!!
    O que é isso???
    Isso é na mesma instituição em que eu ensino???? Aaaaaaaaaaaahhhh, pára.

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